
Ary Fontoura Faz Homenagem Tocante e Expõe Bastidores da Injustiça no Teatro
Em um gesto que uniu emoção, indignação e reverência, o ator Ary Fontoura prestou uma homenagem comovente à atriz Suely Franco, reconhecida por sua trajetória brilhante nos palcos, na televisão e no cinema. Mais do que uma lembrança afetiva, o tributo serviu como desabafo e denúncia de um cenário que insiste em ser ingrato com artistas veteranos que ajudaram a construir a história das artes cênicas no Brasil.
Com a sensibilidade que lhe é característica, Ary usou palavras carregadas de afeto e firmeza para defender o legado de Suely, apontando que ela foi, em suas palavras, “injustiçada” por parte do mercado e esquecida por uma indústria que muitas vezes prioriza o efêmero em detrimento do essencial. Seu desabafo encontrou eco entre artistas, fãs e colegas de profissão que, nas redes sociais, se uniram em apoio e reconhecimento à atriz de trajetória impecável.
Suely Franco é nome incontornável da dramaturgia nacional. Dono de um repertório extenso, que vai de clássicos do teatro à teledramaturgia popular, seu talento atravessou décadas sem jamais perder a relevância. Contudo, como ocorre com muitos artistas veteranos no Brasil, sua presença foi gradualmente sendo reduzida nos grandes projetos da televisão, como se o tempo que a amadureceu como artista passasse a ser considerado um fator de afastamento — e não de autoridade.
O gesto de Ary Fontoura rompe com esse silêncio incômodo. É mais do que um tributo: é um chamado à memória, uma exigência de respeito. Ao falar sobre Suely, Ary fala por muitos. Fala de um sistema que abraça com entusiasmo a juventude, mas que tem dificuldade em valorizar aqueles que foram os pilares da cultura nacional. É uma crítica velada — e necessária — ao culto da novidade e à lógica do descarte, que atinge com frequência quem já deu tudo de si aos palcos e às câmeras.
A reação do público não tardou. Mensagens de carinho, vídeos relembrando cenas marcantes de Suely, campanhas espontâneas pedindo sua volta à televisão e ao teatro ganharam força nas redes. É a prova de que o amor do público ainda vive, mesmo quando as estruturas institucionais esquecem. E talvez seja esse o maior presente que um artista pode receber: o reconhecimento genuíno daqueles que se emocionaram com sua arte.
Mais do que uma homenagem isolada, o gesto de Ary Fontoura representa um movimento de resistência. Um lembrete de que memória também é afeto, e que justiça, no mundo das artes, passa pela lembrança ativa, pela valorização de quem pavimentou os caminhos para os que vieram depois. Suely Franco é, sem dúvida, uma dessas figuras. E agora, com a voz de Ary ecoando em seu favor, fica mais difícil fingir que ela não está entre as grandes. Porque está. E sempre esteve.